Nem um corpo é igual
Até os gêmeos monozigóticos tem suas diferenças,
E não só na íris, na impressão digital,
Mas em uma impressão na e da história.
Na vacina da BCG no braço
No sinal de catapora que foi coçada
Naquele escorregão andando de patins.
Nas marcas provocadas no outro,
que depois de um contato mais íntimo,
carrega o fantasma dos contornos,
da textura da pele,
do sorriso característico,
do jeito de andar,
de perguntar:
-Como foi seu dia? Você vem hoje?
Enfim, as relações são como o pão de cada dia
Todos têm seus sabores e odores.
Felizmente ou infelizmente, algum acabou dando água na boca
e nos leva a perguntar – desejar - no outro dia:
- não tem aí um mais queimadinho, que nem o do fim de semana?
Assisti a um filme chamado "A Partida".
ResponderExcluirNarra a história de um profissional em "preparar" o corpo dos que já morreram em uma cidade no interior do Japão.
Ele faz uma espécie de ritual para
colocar o corpo no caixão.
No início, só com título, adiantei tratar-se de um filme mórbido e por assim dizer,"triste". Nada disso. É um filme sensível, que trata das transições e surpresas que a vida nos prega. O corpo na história é uma metáfora disso, porque acaba traduzindo a vida de cada um deles: as marcas, a memória que cada corpo traz consigo. Enfim, a história de cada um.
Muito bom o que você escreve, caro colega.
ResponderExcluirÉ de uma pureza tão bonita.
Continue assim.
Texto interessante.
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